"...conversando com meus botões sobre as cenas insanas que teatralizo aqui e ali:
_ As vezes são doidices de caso pensado que acontecem comigo e o bando que me acompanha na labuta diária;
_ Outras são involuntariamente, explodem e me deixam surpresa, assustada e temerosa da próxima.
Veja essa maluquice acontecida quando saí da minha reclusão, me joguei na tarefa de comprar lembrancinhas para aniversário de Kaio - neto querido. Depois, resolvi adquiri brinquedos para outros netos-sobrinhos guris que ainda não entendem as atitudes dessa vó rebelde.
Imagine a seguinte cena: sábado de trânsito engarrafado,chuva vai-volta, o odor de lama misturado com esgoto no Bairro comercial entre filas quilométricas aceleradas compras de ultimo instante. Inda, para alegrar entre aspas essa bendita tarde, enfrentei mal humor de vendedores, alguns olhares de raiva dos atendentes - maioria negros e sendo eu, negra senti na pele atos de preconceito contido.
A vontade era de gritar pra eles, 'por eu ser negra que ralei muiiiitoo pra estudar, pra ter um emprego melhor e não me submeter a tamanhos escravismo capitalista que explora os trabalhadores de comércio até a última gota de respiração de um fadado final de semana.
Pulei a raiva. Igualmente, muito educada levei na esportiva, driblei a arrogância de uns nessas lojas de importados - por aqui conhecido como 1,99. Pois, a intenção minha foi pesquisar preços, garimpar brinquedos e ajeitar a bagunça de férias da minha galerinha. Também, mais tarde, iam participar de uma festinha estilosa em ritmo copa do Brasil. De entrada vi bandeiras, cornetas e outras bugigangas em cores verde/amarelo caríssimas em que o valor de 1 unidade daqui a pouco compra 100.
Minha Irmã Iranilde, que me acompanhava fez uma simples pergunta sobre uma corneta estilo bomba de colocar veneno pra inseto, onde o rapaz grosseiramente lhe disse 'assopre ai que ver pra que serve', ela 'calmamente lhe disse moço foi somente uma dúvida'. Sai, deixei pra lá. Outra loja, a grosseira se repetiu.
Na penúltima loja que adentro, levei um susto quando entro na área de livros, vejo promoção de clássicos da literatura brasileira por 2,90. Fiquei a pensar, livros usados, sem uso ou o quê. Novinhos, embalados em plásticos, comecei a escolher alguns que por esse preço era presente dos deuses. Revirei. Catei alguns e vi a lista de outros que fiquei interessada. Ai que o bicho pegou, minha indignação controlada até então, sumiu quando perguntei para a jovem que estava arrumando a prateleira aonde estava os outros exemplares anunciados e se tinha como pegar no depósito. A resposta atrevida dela 'senhora é momento de copa, esse livros não tem nada com o momento, espero que não desarrume a prateleira e aviso que nem vou pegar nada no deposito'. Primeiro educadamente, avisei-lhe que não estava pedindo os livros, que ia pagar por eles. Que respeitasse meu direito de consumidora, o atendimento ali era sua função que estava desempenhando. E, não um favor que estava me fazendo. A situação não resolveu calmamente.
Sai do local e fui falar com os donos dos porcos, como diz o ditado sobre o 'dono ou quem coordena' a loja, lhe comuniquei o fato ocorrido, disse-lhe que poderia processar a loja e vendedora - idosa, negra, consumidora e além de tudo gente, etc. Em instantes apareceu gerente que pediu desculpas, mandou a garota ir buscar os livros que pedi-paguei-trouxe para casa.
Respeito as pessoas, o trabalho e a situação de todos. Quando me dirijo à lojas não faço pedido para vendedores ir buscar algum objeto, se não tenho a intenção de levar. Esses pequenos detalhes me deixam superchateada, minha pressão nas alturas e a raiva pelo acontecido em situações humilhantes e desagradáveis. Ainda, mais, pela falta de educação de uns, da ausência gentileza humana, da carência de vontade de ajudar o outro.
Enfim, salvei a tarde, apenas com o acréscimos de tantos mais meios de viagens literárias, agendadas para essa festanças-férias."
Irane Castro
In: Sábado, 14.06.14
Segunda-feira, 16 de Julho de 2014
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Pretiando por ai...