Pretiando assim:
BRASIL CARINHOSO – PROFESSORA DE 74 ANOS BATEU FORTE NA “CAMARADA PRESIDENTA”
Professora Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
O TEXTO É LONGO, MAS TIRE 10 MINUTOS
DO SEU PRECIOSO TEMPO E…. LEIA, VALE A PENA
Último lembrete: a pobreza é uma
consequência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois
são quatro.
Não me leve a mal por este protesto
público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio
seu, quem paga a conta sou eu.
(Martha de Freitas Azevedo
Pannunzio)
O texto é longo, mas vale a pena ser
lido.
Observem a origem de quem
escreveu.
BRASIL CARINHOSO
Bom dia, dona Dilma!
Eu também assisti ao seu
pronunciamento risonho e maternal na véspera do Dia das Mães.
Como cidadã da classe média, mãe, avó
e bisavó, pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no meu
contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em cada Nota
Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio do BRASIL
CARINHOSO.
Brincando de mamãe Noel, dona Dilma?
Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso
que o Brasil crie um mecanismo bastante severo de controle dos impulsos
eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e
prefeito) para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do
Brasil.
Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para engordar sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida, um plano quinquenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.
Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para engordar sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida, um plano quinquenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.
É muito fácil dar bom dia com chapéu
alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a plateia. É fácil e é um
sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no seu caso)
irresponsavelmente.
Não falo pelos outros, dona Dilma.
Falo por mim. Não votei na senhora. Sou bastante madura, bastante politizada,
sobrevivente da ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei
nem votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é
raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau
sentido, e delirante. Vocês são adeptos do quanto pior, melhor. São
discricionários, praticantes do bullying mais indecente da História do
Brasil.
Em 1988 a Assembleia Nacional
Constituinte, numa queda-de-braço espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna
bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais
perante a lei*. Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição,
enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu modus
governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são
diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola. A partir de vocês.
Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é
miserável. E a Constituição que vá para a pqp. Vocês selecionaram estes
brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado,
e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida d e que são mal-nascidos.
Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza, publicamente,
uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão de
empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa,
convalidadas pelo Ministério de Educação. Faculdades capengas, que estavam na
UTI financeira e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da
saúde intelectual, empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal
endoidou? O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual
presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma escola de
qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse que estava lá, nesta
trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma? Oi, por favor, alguém pare o trem que
eu quero descer!
Uma escola pública decente, realista,
sintonizada com um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com
professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é
disto que o Brasil precisa. Para ontem. De ensino técnico, profissionalizante.
Para ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno
chega ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de
localizar a oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe
tabuada. Não sabe regra de três. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos
Estados nem de suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar
roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA brasileiros só
servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais
triste. Nossos meninos e jovens leem (quando leem), mas não compreendem o que
leram. Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com
conhecimento de causa porque domino o assunto. Fui a vida toda professora
regente da escola pública mineira, por opção política e ideológica, apesar da
humilhação a que Minas submete seus professores. A educação de Minas é uma
vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque
confirma o que estou informando.
Seu presente para as mães miseráveis
seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas decisões: um programa
nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única
filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu
ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira.
Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu
meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador
Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo que a Casa Civil torça o nariz. Ele
tem o mapa da mina.
A senhora se lembra dos CIEPs? É
disto que o Brasil precisa. De escola em tempo integral, igual para as crianças
e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro
refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente.
Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado,
prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da
cantina. Escola adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino
fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um máximo
de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa. De
zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula dá
pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação
pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola,
os brasileiros a depredam. Lá eles permanecem. Aqui a evasão é exorbitante.
Educação custa caro? Depende do ponto de vista de quem analisa. Só que educação
não é despesa. É investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor
minimamente sério e minimamente inteligente. Povo educado ganha mais, consome
mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para as burras
dos governos. Vale à pena investir mais em educação do que em caridade, pelo
menos assim penso eu, materialista convicta.
Antes que eu me esqueça e para ser
bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver com controle de natalidade.
Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle de natalidade,
que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela.
Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro de 1992,
a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do Brasil a tomar
esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à época, fui a autora da
mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade, apenas para a senhora saber com quem
está falando.
Senhora PresidentA, mesmo não tendo
votado na senhora, torço pelo sucesso do seu governo como mulher e como cidadã.
Mas a maior torcida é para que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem
para empunhar o chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o
seu veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito
amadurecimento e aprendizado. O planeta terra é muito mais importante do que o
lucro do agronegócio e a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão
promovendo. Sou fazendeira e ao mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por
isto não perco a sensatez. Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal,
pensar não dói e eles estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para
isto mesmo. E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal
quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua base aliada.
Outros usaram? E daí? A senhora não é os outros. A senhora á a senhora, eleita
pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil, e não a presidentA de um
partidinho de aluguel, qualquer.
Se conselho fosse bom a gente não
dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas
às outras mães excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da
classe média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por quê?
Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os homens produtivos,
geradores de empregos, pagadores de impostos, sustentamos a carruagem milionária
e a corte perdulária do seu governo tendencioso, refém do PT e da base aliada
oportunista e voraz.
A senhora, confinada no seu palácio,
conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se
recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o
benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa, BRASIL
CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem o condão de
produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional,
que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso
de propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na última
década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria
qualificada, que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos
disponíveis, se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e
brasileira vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que
os levará à delinquência e às drogas.
Quem cala, consente. Eu não me calo.
Aos setenta e quatro anos, o que eu mais queria era poder envelhecer
despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível.
Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado
milhares de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus
descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a
obrigação de votar e o direito de votar e ser votado, mas gostou da sacanagem de
manter a maioria silenciosa no ostracismo social, alienada e desinteressada de
enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do
seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão, pronto para
depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma
coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, est a foi a escolha de
vocês.
A senhora não pediu minha opinião,
mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar.
Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista,
burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o dever de
me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos miseráveis. Vocês não
chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem! Torraram uma grana preta
com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e
outras esmolas que tais. Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém?
Não refrescou niente? Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil
miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo de
miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do BRASIL
CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de dividir, só para
saber qual a parte que me toca nesta chamada de capital. Democracia é isto,
minha cara. Transparência. Não ofende. Não dói.
Ah, antes que eu me esqueça, a
palavra certa é PRESIDENTE. Não sou impertinente nem desrespeitosa, sou apenas
professora de latim, francês e português. Por favor, corrija esta
informação.
Se eu mandar esta correspondência
pelo correio, talvez ela pare na Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor
e a senhora nunca saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela
internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém,
ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável.
Não gostei e desaprovo o BRASIL
CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por dia para cada
familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é uma esmolinha
bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma? Carinho de presidentA
da república do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma campanha
institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois
filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em
tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da sala de aula,
do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante e gente
capacitada para o mercado de trabalho.
Eu podia vociferar contra os
descalabros do poder público, fazer da corrupção escandalosa o meu assunto para
esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais
grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado
populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as
classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto. Eles
são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos? Os miseráveis são. Mas
votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada.
Suja.
A televisão mostra ininterruptamente
imagens de desespero social. Neste momento em todos os países, pobres,
emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata, morre,
reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das
Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de
estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!
Pode ter certeza de que a senhora
conseguiu agredir a inteligência da minoria de brasileiros e brasileiras que
mourejam dia após dia para sustentar a máquina extraviada do governo
petista.
Último lembrete: a pobreza é uma
consequência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois
são quatro.
Não me leve a mal por este protesto
público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio
seu, quem paga a conta sou eu.
Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012
OBS.:- foi entregue em mãos à
PRESIDENTE.
Irane Castro :Zuila Pereira, OBRIGADA por essa cartinha maravilhosa que expressa tão bem o meu,teu, nosso, todos os esforços de quem labuta e sofre principalmente com a desvalorização do educador-escola-educação que não é prioridade nem tão pouco investimentos no país das maravilhas Mas, que propaga uma visão do paraíso aqui e lá fora!!
ICastro (25.09.12)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Pretiando por ai...