Num tempo em que era possível dizer-se “boa tarde” até o fim do dia, ouvir o badalar dos sinos da igreja de S. Jorge ou do Colégio Irmã Vitória ao fim da tarde, esta doce melodia, anunciavam o fim de tudo, o canto da Ave Maria…
Pois ver o Sol ir-se deixando saudades fazia parte, era metáfora e poesia na fantasia dos poetas do canto. Lendo aqui no SP o amigo João da Mata, o cheiro do peixe, a ginga do Pernambuco… Conheço e reconheço este recanto (CANTO DO MANGUE).
Esta paisagem que pintou o amigo, tinha um bate–papo na mureta, amigos que eram craques, (crack não consumiam…). Craques eram em içar velas ao vento, em por barcos no mar… Deste rio salgado, e entrar mar adentro em busca do santo alimento.
Ali os marinheiros buscavam companhia das doces morenas; santas prostitutas que, pelas calçadas, vendiam aventuras tão perfumadas para eles que buscavam alento. Usavam “parisiense” e pó “tabu”, com um compacto sentimento, causavam aos marinheiros delírios e gozo.
E ali íamos eu e minha mãe aos fins das tardes, vez por outra, comprar o peixe que, vivo ainda, não saíra nem dos barcos…
Ali, um cheiro de detritos juntava-se ao mijo dos pescadores ou dos bêbedos da noite. Voltam barcos, iam-se navios… No canto do mangue, não era feio ir.
Era privilégio, pois minha mãe escolhia quem com ela iria hoje comprar o jantar… E lá íamos, no final de quase todas as tardes, escolher o peixe do jantar…
Lá, Dona Ruth, vendia angu de milho, tapioca e mungunzá, sempre acompanhada por todos os filhos que não eram poucos e na barriga sempre tinha mais alguém para chegar…
Ela, com seus tantos filhinhos, vendia de tudo, num carro de mão… Criança simples, morava eu nas Rocas, bairro de pobre, mas tudo era nobre, assim como os pobres que de tudo faziam para pagar o que deviam… Faziam questão de pagar as dívidas e os seus nomes preservar…
Amigo, de longe se ouvia, vindo de algum beco, ou de algum bar, Claudia Barroso, Waldick Soriano, Nelson Gonçalves… Ou Bartô Galeno… Rs…
Maré cheia, Maré cheia… Deste calendário, lá eu entendia. Dos pescadores sabia até os nomes. E o velho Pernambuco, meu vizinho era… Ou era meu vizinho? … Rsrs…
Passava em minha porta, tinha um molejo, e forma forte… _ dizem que era bravo, para não dizer Bruto… Falas do presente e eu, ao ler-te, lembro do passado… No canto do mangue, o tempo ainda é hoje.
(Ednar Andrade)
Pois ver o Sol ir-se deixando saudades fazia parte, era metáfora e poesia na fantasia dos poetas do canto. Lendo aqui no SP o amigo João da Mata, o cheiro do peixe, a ginga do Pernambuco… Conheço e reconheço este recanto (CANTO DO MANGUE).
Esta paisagem que pintou o amigo, tinha um bate–papo na mureta, amigos que eram craques, (crack não consumiam…). Craques eram em içar velas ao vento, em por barcos no mar… Deste rio salgado, e entrar mar adentro em busca do santo alimento.
Ali os marinheiros buscavam companhia das doces morenas; santas prostitutas que, pelas calçadas, vendiam aventuras tão perfumadas para eles que buscavam alento. Usavam “parisiense” e pó “tabu”, com um compacto sentimento, causavam aos marinheiros delírios e gozo.
E ali íamos eu e minha mãe aos fins das tardes, vez por outra, comprar o peixe que, vivo ainda, não saíra nem dos barcos…
Ali, um cheiro de detritos juntava-se ao mijo dos pescadores ou dos bêbedos da noite. Voltam barcos, iam-se navios… No canto do mangue, não era feio ir.
Era privilégio, pois minha mãe escolhia quem com ela iria hoje comprar o jantar… E lá íamos, no final de quase todas as tardes, escolher o peixe do jantar…
Lá, Dona Ruth, vendia angu de milho, tapioca e mungunzá, sempre acompanhada por todos os filhos que não eram poucos e na barriga sempre tinha mais alguém para chegar…
Ela, com seus tantos filhinhos, vendia de tudo, num carro de mão… Criança simples, morava eu nas Rocas, bairro de pobre, mas tudo era nobre, assim como os pobres que de tudo faziam para pagar o que deviam… Faziam questão de pagar as dívidas e os seus nomes preservar…
Amigo, de longe se ouvia, vindo de algum beco, ou de algum bar, Claudia Barroso, Waldick Soriano, Nelson Gonçalves… Ou Bartô Galeno… Rs…
Maré cheia, Maré cheia… Deste calendário, lá eu entendia. Dos pescadores sabia até os nomes. E o velho Pernambuco, meu vizinho era… Ou era meu vizinho? … Rsrs…
Passava em minha porta, tinha um molejo, e forma forte… _ dizem que era bravo, para não dizer Bruto… Falas do presente e eu, ao ler-te, lembro do passado… No canto do mangue, o tempo ainda é hoje.
(Ednar Andrade)
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Pretiando por ai...